quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Essa semana foi uma das mais difíceis da minha vida. Esse texto não tem cunho poético, é novamente aquela necessidade incontrolável de querer vomitar as palavras e tudo o que me anda consumindo. Nem saberia por onde começar direito. E também não quero expor tão abertamente um assunto tão delicado. Ainda porquê, exposição é o que menos se precisa nesse momento. Mas eu tenho que colocar isso para fora, nem que seja em um lugarzinho escondido e quase inclicável entre múltiplos links. 
Mas vamos tentar assim: A pessoa que eu mais amo nesse mundo, a mais importante, a quem devo a minha vida, sofre de uma doença psicológica grave. E com 20 anos posso te dizer que essa doença é cruel, imprevisível e, como a maioria das doenças, injusta. Ela te faz passar pelas piores coisas. Você vira uma escrava de sua mente, o real se confunde com a imaginário, você diz incoerências... Isso para não falar dos momentos em que a euforia passa e a tristeza mais profunda ataca ao levar a consciência do seu estado. Mesmo descrevendo assim, dessa maneira tão patológica, nunca saberei definir exatamente como é passar por isso, somente quem vive na pele sabe o quão horrível é. Observando de fora, porém, já é desesperador.
Não sei quais momentos são os piores: os de hiperatividade ou os de depressão. Você tem noção como é olhar nos olhos da pessoa mais próxima sua e não reconhecê-la? Não só isso, mas como enxergar delírio, chegar a ter medo? E depois, como uma montanha russa que atinge o seu nível mais alto e despenca logo em seguida, ter que ouvir os pensamentos que afogam e sufocam a sua alma. É difícil se conformar que tudo isso não é questão de comportamento, mas sim uma doença.
E apesar da minha idade indicar uma maior maturidade, ainda me sinto impotente, não sei como lidar em certos momentos. Não sei até que ponto é a sua voz verdadeira que fala ou se é algum surto que se aproxima. 
Geralmente, em uma situação dessas, eu pediria ajuda a Deus, mas até isso já tem vindo em demasia. O surto disfarçado de episódio pentecostal reafirma isso. Mesmo assim, ainda tenho fé e peço a ele; mas a aquele que não está por trás dos dízimos da igreja, cultos sensacionalistas ou julgamentos de símbolos mesquinhos. Peço a ele, ao Deus realmente bom e livre das intervenções e dos interesses dos homens que, por favor, faça isso passar logo. Ajude ela a se reerguer e não cair mais. 
Eu, acredite, estou fazendo a minha parte e tentando ajudar o máximo possível. Não só eu, mas todos a minha volta também. Quanto mais isso se alonga, porém, mais exaustivo fica. Mas ainda assim, por mais que a dor pareça insuportável a mim e aos outros, como a própria mesma disse, quem mais sofre no fim das contas é ela.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Writer's Block é desculpa.

Os números marcados na lateral apontam o decréscimo de textos, ao passo de que instala-se certa culpa e medo de perder a prática das palavras. "Prática" é o que mais se encaixa mesmo, não acredito muito nesse papo de dom. Tenho receio de que aquela sensação -sensação a qual um dia significou tudo para mim- de ter as palavras nas mãos e ter a familiaridade de conseguir manipulá-las sabiamente me deixe com o passar do tempo. Ou melhor, que eu a deixe.
Eu ainda amo escrever, ainda me é libertador e considero um dos meios expressivos mais tocantes. Porém, eu vejo hoje que não tenho mais aquela necessidade de consumir tal ato com tanta constância, se comparado ao que se passava anos atrás. 
Ao mesmo tempo que isso é triste, ainda  não me deixa totalmente pesarosa porque entendo que o motivo principal disso foi o afloramento de outras paixões, ao exemplo das artes. Vejo como se a minha criatividade e o meu modo de observar e me colocar no mundo fosse dividido entre outros meios. 
Mesmo levando tudo isso em consideração, não posso evitar de sentir remorso. Como se tivesse traindo esse meu lado o qual sempre tomou maior espaço em minha vida. 
Cai, por fim, a  consciência de não parecer haver tanto o que explorar nesse terreno do que nas novas áreas.  Já falei de amores, primeiras experiências, decepções, família, melancolia e assim vai... 
Acho que somente escrever já não me é suficiente. Preciso alçar outros artifícios, investigar além disso. No entanto, por mais que essa minha face diminua, espero que nunca desapareça por completo. 
As aspas no pulso direito, afinal, mostram a vontade de permanecer como pulso vital.