sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

What matter most is how well you walk through the fire

Perceber que a necessidade de escrever é quase nula nos últimos tempos me fez perceber que eu apenas brincava de ser Drummond. Bloqueio de escritor? Que nada. Hoje me parece apenas uma fase de convívio com algumas crônicas que incentivaram o desejo de querer poetizar. Fica o recado aí para as pessoas que se consideram escritores de classe por desenvolverem algumas frases de efeito meia boca que conseguiram certa repercussão no Facebook devido seu caráter altamente clichê e identificável. Dom é diferente de prática. 
Enfim, como se já não bastasse eu iniciar o texto da maneira mais recorrente de ultimamente (tentando tirar a culpa / criando desculpas pela falta de vontade em escrever), o resto não podia ser menos igual. Mesmos dilemas de sempre. Fim de ano fazendo refletir sobre as pessoas que entraram e e saíram da sua vida e seus respectivos motivos ("Era melhor assim", "Não vou correr atrás de quem não dá o mesmo valor", "Se X coisa nunca tivesse acontecido, nunca teria acontecido Y"...). Fora as mudanças que acontecem e mesmo assim ainda deixam a sensação de ser o monótono de sempre.
Mas antes a monotonia do que o sofrimento. Foi o dever de casa dos meus últimos 3 meses.
Nunca pensei que estaria passando por uma situação dessas. Não acredito nesse dilema de que "O que não te mata, te fortalece" porque olha, esse desgaste vem sido tão grande que eu podia estar passando sem essa. Mas por outro lado, meu lado mais otimista me faz crer que tudo ocorre como uma lição. Porque tinha que acontecer por algum motivo, nem que fosse por aprendizado para saber reagir melhor caso (Deus me livre!) isso se repita. 
De repente os dramas anteriores parecem tão estúpidos ("Engordei 2 kgs", "Semana de provas está foda", "Por que ele não me respondeu?"...). Não que eles fossem, porque um problema mais intenso não anula o outro. Mas definitivamente te faz reavaliar o modo como lidamos com a vida. 
E apesar de hoje estar acompanhada somente do meu gato e do som de um talk show ao fundo, a solidão não me sufocou por inteira. Foi surpreendente ver que pessoas que você pensaria que virariam as costas, nesse momento, me confortaram. Por mais que o "qualquer coisa pode contar comigo" talvez seja transformado em atitude por pouquíssimos, foi bom sentir que eles vieram com rosas, enquanto eu esperava por pedras.
Não vou prolongar o quão injusto eu acho que tudo isso seja. Afinal, pedir justiça ao mundo é inútil. Ninguém merece pegar câncer, morrer de fome, ficar tetraplégico, ter uma doença mental. Mas quando um desses infortúnios acontece com alguém próximo a você (ou com você mesmo) de repente as nomenclaturas ganham significado. E isso torna tudo muito mais assustador e real. O que, no caso, são sinônimos.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Essa semana foi uma das mais difíceis da minha vida. Esse texto não tem cunho poético, é novamente aquela necessidade incontrolável de querer vomitar as palavras e tudo o que me anda consumindo. Nem saberia por onde começar direito. E também não quero expor tão abertamente um assunto tão delicado. Ainda porquê, exposição é o que menos se precisa nesse momento. Mas eu tenho que colocar isso para fora, nem que seja em um lugarzinho escondido e quase inclicável entre múltiplos links. 
Mas vamos tentar assim: A pessoa que eu mais amo nesse mundo, a mais importante, a quem devo a minha vida, sofre de uma doença psicológica grave. E com 20 anos posso te dizer que essa doença é cruel, imprevisível e, como a maioria das doenças, injusta. Ela te faz passar pelas piores coisas. Você vira uma escrava de sua mente, o real se confunde com a imaginário, você diz incoerências... Isso para não falar dos momentos em que a euforia passa e a tristeza mais profunda ataca ao levar a consciência do seu estado. Mesmo descrevendo assim, dessa maneira tão patológica, nunca saberei definir exatamente como é passar por isso, somente quem vive na pele sabe o quão horrível é. Observando de fora, porém, já é desesperador.
Não sei quais momentos são os piores: os de hiperatividade ou os de depressão. Você tem noção como é olhar nos olhos da pessoa mais próxima sua e não reconhecê-la? Não só isso, mas como enxergar delírio, chegar a ter medo? E depois, como uma montanha russa que atinge o seu nível mais alto e despenca logo em seguida, ter que ouvir os pensamentos que afogam e sufocam a sua alma. É difícil se conformar que tudo isso não é questão de comportamento, mas sim uma doença.
E apesar da minha idade indicar uma maior maturidade, ainda me sinto impotente, não sei como lidar em certos momentos. Não sei até que ponto é a sua voz verdadeira que fala ou se é algum surto que se aproxima. 
Geralmente, em uma situação dessas, eu pediria ajuda a Deus, mas até isso já tem vindo em demasia. O surto disfarçado de episódio pentecostal reafirma isso. Mesmo assim, ainda tenho fé e peço a ele; mas a aquele que não está por trás dos dízimos da igreja, cultos sensacionalistas ou julgamentos de símbolos mesquinhos. Peço a ele, ao Deus realmente bom e livre das intervenções e dos interesses dos homens que, por favor, faça isso passar logo. Ajude ela a se reerguer e não cair mais. 
Eu, acredite, estou fazendo a minha parte e tentando ajudar o máximo possível. Não só eu, mas todos a minha volta também. Quanto mais isso se alonga, porém, mais exaustivo fica. Mas ainda assim, por mais que a dor pareça insuportável a mim e aos outros, como a própria mesma disse, quem mais sofre no fim das contas é ela.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Writer's Block é desculpa.

Os números marcados na lateral apontam o decréscimo de textos, ao passo de que instala-se certa culpa e medo de perder a prática das palavras. "Prática" é o que mais se encaixa mesmo, não acredito muito nesse papo de dom. Tenho receio de que aquela sensação -sensação a qual um dia significou tudo para mim- de ter as palavras nas mãos e ter a familiaridade de conseguir manipulá-las sabiamente me deixe com o passar do tempo. Ou melhor, que eu a deixe.
Eu ainda amo escrever, ainda me é libertador e considero um dos meios expressivos mais tocantes. Porém, eu vejo hoje que não tenho mais aquela necessidade de consumir tal ato com tanta constância, se comparado ao que se passava anos atrás. 
Ao mesmo tempo que isso é triste, ainda  não me deixa totalmente pesarosa porque entendo que o motivo principal disso foi o afloramento de outras paixões, ao exemplo das artes. Vejo como se a minha criatividade e o meu modo de observar e me colocar no mundo fosse dividido entre outros meios. 
Mesmo levando tudo isso em consideração, não posso evitar de sentir remorso. Como se tivesse traindo esse meu lado o qual sempre tomou maior espaço em minha vida. 
Cai, por fim, a  consciência de não parecer haver tanto o que explorar nesse terreno do que nas novas áreas.  Já falei de amores, primeiras experiências, decepções, família, melancolia e assim vai... 
Acho que somente escrever já não me é suficiente. Preciso alçar outros artifícios, investigar além disso. No entanto, por mais que essa minha face diminua, espero que nunca desapareça por completo. 
As aspas no pulso direito, afinal, mostram a vontade de permanecer como pulso vital. 

terça-feira, 16 de setembro de 2014

"... É meio difícil de explicar. É aquela coisa de quando você está com alguém e você a ama e ela sabe disso. E ela também te ama e você sabe disso. Mas vocês estão em uma festa e os dois estão falando com outras pessoas. E você está rindo, feliz. E então você olha para o outro lado da sala e cruza com o olhar do outro, mas não porque você é possessivo ou por ser sexual, mas porque aquela é a pessoa da sua vida. E é engraçado e triste, mas só porque esta vida vai acabar. E é este mundo secreto que existe ali, em público, sem ser notado, e que ninguém mais sabe. É meio como dizem, que outras dimensões existem ao nosso redor, mas não temos a capacidade de percebê-las. E isso que eu quero em um relacionamento. Ou apenas da vida, acho." 

(Discurso editado de Frances Ha, 2013).

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Notas de um Postcard

Vê como os galhos nus se recortam no céu nublado nos dias de outono? Parecem garras afiadas querendo rasgar tudo o que está a sua volta. E conseguem.
Rasgam pessoas,
Rasgam o tempo,
Rasgam memórias.
Na última semana me deparei um par de vezes com mensagens do tipo que eletrizam a consciência da existência e o caminho sem volta da morte. Algo do tipo "Você passou uma infinidade de anos sem ter nascido e passará outra infinidade morto".
Daí essas frases geralmente vem com uma outra de incentivo como "Então viva intensamente, saia de casa agora porque há vida lá fora! Carpe diem! Carpe diem!", o que concordo. Só que em parte.
Desculpe se você é um herdeiro de uma fortuna e pode se dar o privilégio de viajar de mochilão pelo mundo a vida inteira, mas para a maioria dos mortais há dias (e como há!) que é preciso ir ao dentista, ficar horas na fila de um banco ou querer dormir a tarde toda para recompor o sono. Feito "Poema da Necessidade" de Drummond, entende?
Acho esse negócio de viver e aproveitar ao máximo muito relativo e romântico demais. Não é preciso declamar como a vida é bela ao mesmo tempo em que se pula com os amigos em um rio em pleno pôr-do-sol para isso. Às vezes só fazer um chá quente, inspirar profundamente e observar meu gato olhando para a janela pode fazer mais sentido.
Não tô dizendo também que ficar na frente do computador 24 horas é legal, não é isso. Pelo contrário, apesar de trabalhar com a internet, ainda fico pasma com, por exemplo, esse pessoal que posta cerca de 5 fotos no instagram diariamente. É muito tempo gasto em vão para tentar parecer que é cheio de atributos e que tem uma vida incrível. Pior que são essas que geralmente postam ditos feito "YOLO" com uma figura pronta do Google de pessoas pulando em um rio durante o pôr-do-sol. Ou a imagem pode até ser real, mas o instante não foi, pois foi justamente pensado para ser postado nas redes sociais. Veja só, tudo não passa de filtro mesmo. 
Todos precisam viver mais intensamente sim, do tipo que nem ao menos se pensa em pegar o celular para tirar uma foto do momento. Mas que esse intensamente seja seu e do seu modo. E relembrando que, por mais chato que seja, é preciso ir ao dentista ainda para consertar aquele dente dolorido. Isso serve até para o mochileiro milionário. 

domingo, 13 de julho de 2014

...Feito uma sonhadora de olhos vendados no meio de uma guerra.

É conta de luz, água, comida, telefone, convênio, transporte... Aí você começa a ter um olhar mais apurado e percebe quanta despesa a humanidade gasta pra ter o direito de respirar. Isso pra dizer o mais básico e desconsiderando pequenos luxos que vejo como,  praticados ocasionalmente, são essenciais para manter uma mente estável. 
Nunca me preocupei com dinheiro. Mas veio à tona, feito um tapa na cara, que isso é justamente por sempre ter tido. Creiam ou não, esse insight foi provocado através de um gif no tumblr. Obrigada (ou não), Rachel.
A minha mente afobada já dá um pulo de décadas adiante e pensa no dia que serei eu somente responsável pelo quesito financeiro. Fico pensando que precisarei desse mínimo para garantir um fim de vida decente para aquela que sempre fez tudo por mim. Não por dever, de forma alguma, e sim como uma retribuição de amor. Eu sei, é meio doentio pensar tão a frente, mas sofrer por antecipação foi sempre o meu lema, às vezes não dá pra evitar.
Mas então minha mente desacelera um pouco e tenta se recordar daquelas conversas já percorridas entre diversas bocas de que "Calma, Bárbara! Ninguém está com a vida pronta aos 20 anos". Com uma exceção aqui ou ali de herdeiros ou prodígios nível Steve Jobs, é claro. Mas no geral o status é o seguinte: Não tá fácil pra ninguém. 
E veja bem, por mais que garantido fosse, você gostaria de viver assim? Que nem esse bando de médico que fica trancado no consultório de cara fechada? Ou esses administradores que trabalham feito máquina com movimentos e falas decoradas? Você trabalha cerca de um terço da sua vida. E é assim que gostaria de gastá-lo? Certeza que aquela apatia voltaria. Se você, querido estudante a qualquer carreira profissional citada que seja, não se sinta ofendido. Claro que estou generalizando, sei que existem muitas pessoas que amam o que fazem e não são apenas rostos ambiciosos preocupados em comprar o próximo pingente da Pandora.
Acho que tenho certo preconceito com qualquer profissão convencional demais por ter convivido com gente da área durante muito tempo e por elas não terem me passado uma imagem muito boa. Mas reconheço seus valores  e importância que fazem na sociedade.
Enfim, essa desculpa funcional nem é a questão. É que, de modo geral, eu vejo essas tais pessoas como aficcionadas apenas pelo verbo "ter", sem nenhuma profundidade a mais. Tudo bem, todo mundo gosta de comprar, viajar e viver bem, mas falta algo... Algo que, Murakami definiu muito bem:  Falta curiosidade intelectual nelas. São aqueles jovens de Porto Seguro com mais idade, entende? Parecem só saber de sua área, nada além disso. Como se a profissão as definissem. Consomem tudo o que a mídia joga. Não há sensibilidade. Não se interessam em ler um livro sequer.
E eu, como estudante de artes, fico meio inconformada em aceitar que elas vivem tranquilamente assim, sem nenhuma coceira na cabeça. E mais inconformada ainda que são elas as que tem mais dinheiro e as que pior sabem gastar. 
Mas então, eu olho ao redor, vejo 90% das pessoas agindo e pensando exatamente como o descrito e me pergunto:
Quem é a desajustada afinal nessa história?


terça-feira, 8 de julho de 2014

Vôo 2Q14

acordei entre as brasas
de luzes fluorescentes
queimando em minha pele 
o incômodo de nada mais 
incomodar

é uma paz
leve, anônima
feito borboletas na estufa 
de uma anciã japonesa
que persiste no chá

são canções inéditas
com aquele gosto instantâneo
de novos ritmos 
novas batidas
novos ares
mesmo que no fundo
tenha exatamente
o mesmo estilo de sempre

terça-feira, 17 de junho de 2014

Self-foco

Apesar da cama do dia-a-dia, as lentes ressecadas dos olhos mostraram entre as fissuras que as vibrações andam a seu favor. Exceto o fato de agora serem dois óculos quebrados, mas isso é preguiça, não impossibilidade de conserto. 

Olhe só quantos motivos para ficar agradecida: a viagem que trouxe ótimos aires, mil pontos adquiridos que fizeram parar o congelamento de tela, a bolha protetora me acompanhando nos últimos anos tão fielmente... Mesmo com aquele evento que eu juraria tempos atrás que me faria quebrar por inteira, só resultou hoje em uma olhada aqui ou ali pra aumentar o ego ou matar a curiosidade. Dessa vez não é masoquismo, sério. 

Mas o ponto é: aquele sentimento de "anestesia" tão presente em meus antigos textos (o qual por sinal não chega a ser comparado com dor, mas sim um sentimento tão indiferente que acaba causando certa tristeza por consciência de tal vazio) a la Eri Asai nunca mais tomou conta de mim. 

E que as luzes gritantes permaneçam longe de minha cama. 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Mentindo... Morreu.

Chega um momento que você fica tão magoada, irada e desgastada
Que o negócio é deixar a tal da "poética"
Queimar no inferno.

É o seguinte, colega: Eu quero é mais que você se corroa nas suas mentiras.

Errou uma vez? Ok, perdoado.
Mas duas vezes? E no mesmo erro?
Isso é falta de caráter.

Coitada da próxima, mal sabe ela.
Já até imagino, seu diagnóstico de morte será algo do tipo:
"Morreu mentindo".

Meio que parafraseando um tweet de Riri,
aqui vai um recado pras meninas aprendizes:
NUNCA subestime a habilidade de um homem em te fazer se sentir culpada pelos erros DELE.

Eu sei que é difícil,
Mas não deixem esses misóginos dissimulados abalarem sua auto-estima.
Eles não valem um fio de cabelo seu.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Um cochilo a mais antes da resposta.

Essas inúmeras idas e vindas mostraram que nada é regra quando trata-se de amor e afins. Difícil aceitar que cada casal tem suas regras, costumes e limites. É muito fácil um terceiro opinar o que deveria ser feito ou não tendo em vista que ver de fora o torna blindado de emoções. Afinal de contas, a racionalidade faz enxergar através da névoa, não é?
A parte engraçada é que eu sempre reclamei de ser uma pessoa extremamente racional... Mas, analisando bem, RACIONAL ONDE? Filha de médicos que optou por estudar Artes, dorme para evitar problemas e escreve sobre amor de madrugada ao esperar por uma resposta daquele que não merecia outra chance.  
A verdade é que invejo aquele "eu" de anos atrás que era desapegada de tudo e de todos. Que já entrava em uma com o coração distante e banhado de orgulho para evitar machucados. Que não precisava se sentir amada pra ter amor próprio. 
Ok, tô sabendo que nenhum amor é único. É adolescente demais acreditar nisso. Pessoas disponíveis por aí é o que não faltam... Mas e se você sente que ainda tem algo a mais para viver com X? É burrice persistir em que as coisas funcionem, já que ainda tem sentimentos envolvidos?
Talvez seja idiotice minha acreditar que o amor sustenta tudo. Ele é o pilar principal, mas não suporta muita coisa sozinho. Mas acho que prefiro chegar ao fundo do poço e esgotar  a última gota de amor do que ficar estancada nesses flash backs 24 horas por dia. 

domingo, 20 de abril de 2014

Estrofes acumuladas

1 de 2
Hoje acordei com vontade de chorar. Sem motivo aparente, embora desconfie que tal encontro embrulhou uma série de emoções. Tinha esquecido de como era ruim estar em um ambiente no qual você se sente intensamente desconfortável e desenquadrada. Trouxe à tona aqueles momentos de pizza e risadas forçadas do Ensino Médio, lembra?
Só que dessa vez não é tão fácil assim, dado em conta que meu coração está em suas mãos. 
Droga.
Mais uma vez destruída pelo apego.


2 de 2
Os feriados sempre parecem esfregar na minha cara o tamanho de minha solidão. Mas como você quer que eu seja uma pessoa que explode alegria a toda hora e tenha amigos de rua levando em conta meu contexto familiar?
Família.
Será que existe essa árvore ideal mesmo, estilo comercial de margarina? Grande e unida, sem discussões ou rastro de inveja sequer? Se a sua é assim, merece um prêmio, porque quase todas experiências trocadas revelaram existir alguma ferida podre em sua estrutura. 

Extra
Queria eu ser uma pessoa mais leve. Espero que a aceitação disso seja por completo: Eu, com as minhas rachaduras.

terça-feira, 18 de março de 2014

Resenhando tudo (exceto as resenhas que deveriam estar sendo feitas)

E é um dente quebrado
Um emoticon errado
Mais cinco dias úteis de espera 
para ainda talvez  
ter que recorrer ao PROCON

Parece que quando coisas negativas caminham
Elas vem lado a lado, querendo te afogar.

Ok, vou te falar que escutar Arcade Fire também não me ajuda,
(Mas eu culpo o dia seis).

As pessoas da rotina resolvem  então seguir outro rumo
Nova York, lesbianismo ou design que seja
E tudo isso é demais pra absorver enquanto
Meus vinte anos se debatem na angústia de parecer não 
chegar a lugar nenhum

Sei que talvez seja uma parte imediatista minha de refletir
Mas veja bem,
Acrescente ou retire uma pessoa daqui ou dali,
Uma atividade mais passional e um puta calor:
Meu cérebro dá um grito estilo Munch e vê que
a vida ainda continua a mesma

E porra, "17 anos" não soa igual a "20", sabe?
E eu mal sei definir meu status do relacionamento
Ou ter pique de enfrentar o horário de pico cotidianamente 


sábado, 15 de março de 2014

A fossa

Mas já? Mas já.
"Fossa" talvez fosse um tema exagerado porque subtende-se um longo período de angústia e o que são 5 horas de desgosto, não é mesmo?
E que mal faz uma hora de diversão escondida?
E 10 minutos a mais ou a menos, faz diferença?
"A merda" seria mais cabível, mas vou procurar deixar os baixos palavreados só para as leituras do velho Buk (Apesar de ter exclamado um sonoro "Puta merda!" quando o smoothie derramou no chão no fim da noite).
Quando a lua chegou hoje no auge queria eu dizer que estava em um canto de um bar no ápice da solidão com uma bebida para afogar os pensamentos e um moleskine com capa de couro. Mas a verdade nada mais é que estava comendo um sanduíche barato na lanchonete do palhaço ao mesmo tempo que meus dedos engordurados riscavam essas palavras numa sobra de papel qualquer e meus ouvidos tentavam ignorar as dezenas de rolezeiros tagarelas.
As batatas fingindo preecher a culpa, enquanto só entopem as coxas.
Uma batida de carro. Uma recusa do hippie. 15 do 10: Para piorar o dia alheio ainda troquei uns beijos pela confiança da que mais merecia valor no mundo. Momentos antes, uma inquietação no peito e o desabafo arrependido premeditavam o que estava por vir.
Caro(a)-leitor(a)-o-qual-eu-tenho-a-maior-estima-a-propósito-mesmo-não-conhecendo-pessoalmente-mas-só-pelo-fato-de-você-estar-gastando-uns-minutos-de-seu-precioso-tempo-lendo-isso-e-não-assistindo-um-daqueles-vídeos-de-batom: Não sou de falar explicitamente o que se passa, mas basicamente eu traí a confiança de alguém que não merecia que uma lágrima fosse derrubada. E não, não estamos falando de nenhum cara, tópico geralmente saturado aqui.

Fato é: Já foi. Acho que no fundo, por mais terrível que seja, os acasos (a chuva, os calmantes, a dança interrompida) mostram que era pra ser assim, agendas que foram forçadas a se encontrar.

Mas fato número 2 é: A medida que as palavras saem e a comida entra; o tempo passa e as feridas também.

domingo, 2 de março de 2014

Um texto sobre a falta de textos

O teclado está quebrado
Os espaços transfigurados
Mas nada disso é verdadeira desculpa
A não ser o fato de que estou bem


Não estou pulando carnaval
Nem morrendo de êxtase
Mas cada ponto do pentágono
Parece ter atingindo certo equilíbrio

Percebi finalmente
Que a vida lá fora
É mais real e colorida
Do que a poeticidade
Dos filmes preto e branco

Eu não quero mais escrever sobre X, Y, Z…
Pelo menos por enquanto
Eu quero é viver

(Volto quando estiver na fossa)

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Um coração na mão, uma faca na outra.

Oh não, lá vamos nós de novo.
Oh não, lá se vão as pequenas mentiras; dois anos a menos e um parente morto.
Oh não, lá se vão as esperas intermináveis sem respostas e negociações em casa. 


Eu bem que tentei fugir. 
Tentei fugir da carta e das lembranças, mas ao te ver em minha porta fui atraída de volta feito imã.
Tão frágil perto de você.
E eu odeio isso. E eu amo isso.


Estou diposta a me ferir novamente e a ficar em prantos igual àquela sexta-feira a noite,
Porque os bons momentos fazem tudo valer a pena.


Se não ficou evidente até agora, me dói revelar que acho que estou apaixonada. 
Já estou aceitando doação de curativos, obrigada.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A limpeza das mãos é um mal sinal.

Sala cercada de espelhos. O olhar recai na cadeia infinita de imagens formadas pelos inúmeros reflexos. Se fixar a atenção demasiadamente, é bem provável que a mente se depare com um mundo paralelo. 
Queria eu ser aquela personagem que está em constante verbo "fazer".
Queria eu arrancar ao menos um espelho da parede e construir uma silhueta decente com ele. Ou ainda talvez botá-lo no chão e observar os corpos brincando com um chapéu coco.
As promessas de documentar tais processos artísticos, porém, foram deixados pra trás. Veja só, estamos no meio de Janeiro e a argila no armário já está seca, assim como suas palavras e criatividade. 
Declaro: Precisa-se de água.