quarta-feira, 30 de maio de 2012

Livre da floresta dos inquietos.

"Desistência" é um termo forte. Por isso uso justamente ele para descrever a situação atual da minha vida.
Eu desisti! E grito isso como vencedora.
Não foi fácil, porém. Tanto que aconteceu gradualmente, foi uma batalha diária. Tropecei já no final da corrida, mas o importante é que cai. 
Acabo temporariamente voltando para a minha toca. Em frente as telas que ofuscam minha visão, digerindo damascos como louca e fazendo dos livros meu travesseiro. Embora sinta que estou simplesmente vagando pelas ruas de novo, sei que não estou perdida - Igual disse J.R.R. Tolkien, certa vez.  
Infelizmente, é inevitável que uma desistência implique em deixar pessoas e histórias para trás. Sobre "sentir saudades", posso contar nas mãos - Em uma mão, na realidade - os items que me farão falta. Contudo, apesar de poucos, são significativos. São estes: 
1. O professor, o qual aparentemente sem graça, misteriosamente tem a áurea de me fazer sorrir em todas as aulas;
2. Os slides sonolentos; 
3. O estimulante matinal (sem ele nunca sobreviveria); 
4. O meu guia e conselheiro literário, o qual foi essencial para a minha formação como amante dos livros e eu o agradeço infinita e secretamente por isso;
5. Você.

Por último, mas de forma nenhuma menos importante. Você. É contraditório: Não vou, e ao mesmo tempo vou, sentir saudades. Não vou porque nunca sonhei com ti. Por mais que eu tente, você nunca apareceu em meus sonhos. O inconsciente nega a paixão, então gosto de acreditar nele.  
Mas vou, porque acho que o consciente é ainda mais confiável. E outra, trata-se de você - Palavra que tem muito peso. Para início de conversa, nunca desisti de ti. Mas sadicamente é porque nunca lutei verdadeiramente. Nem você lutou por mim. 
Tímidos. Sempre observando um ao outro pelo canto do olho... Neste sentido, somos parecidos. Somente neste sentido, entretanto - Ainda tento descobrir se isso é bom ou não.
Pode soar inocente e improvável, mas adoraria um dia encontrá-lo. Fora e livre da floresta dos inquietos. Você estará vagando pelas ruas... Mas nunca perdido, é claro. Feito eu. Acho que só assim poderei olhar diretamente dentro dos seus olhos, dar um sorriso sincero e perguntar "Como vai a vida?".



Shake me down
Not a lot of people left around
Who knows now
Softly laying on the ground, oohh

I'll keep my eyes fixed on the sun

terça-feira, 8 de maio de 2012

Um pedido mudo de perdão.

O despertador toca, me alertando pra realidade. O meu primeiro instinto é arremessá-lo contra a parede mais próxima. Voltar para o conforto da minha cama e ignorar o mundo afora. Me acomodo em posição fetal e sinto, pelo menos por certo momento, a falsa sensação de segurança. 
Às vezes, eu o escuto. Mas mais vezes ainda, é preferível ligar para o entregador e avisá-lo que não vou. Ele já sabe a mensagem. Apenas me responde com um simples “Ok”.
Nos dias em que eu o escuto, entretanto; me comporto feito um robô. Sempre rio nas horas certas, escuto quando preciso. Mesmo assim, sou inacessível. Ignoro e sou ignorada. Por todos. Ou quase isso.
Estamos tão próximos e tão longes. Vindos de mundos diferentes, mas conectados, de certo modo. Você passa a mãos em seus cabelos para tentar arrumá-los, mas só os deixa mais bagunçados. Cada vez que percebo tal gesto, morro um pouco por dentro.
Os lápis caem, a garota loira é promíscua e eu nada faço. Tenho raiva de mim. Quer dizer, como posso ser deste jeito? Ando sempre de olhos baixos, mas ainda assim provoco temor nas pessoas.
Me desculpe por ser eu. Melhor dizendo, me desculpe por a minha pior parte estar tão exposta e eu só permitir que você veja ela. 


If I could find a way too see this straight
I'd run away
To some fortune that I have should found by now
I'm waiting for this cough syrup to come down