domingo, 26 de fevereiro de 2012

Aquele efeito sépia não é tão sem graça assim.

Lençois encardidos. Corpos nus. Pelos. Cinzas pelos ares. Cabelos emaranhados. Você lê Kafka pra mim e eu fecho os olhos. Não importa se as palavras não fazem muito sentido, pois tudo que desejo é apreciar o som da sua voz retumbante. Recite um de seus poemas para mim, comente sobre quão deprimente é a mídia atual ou apenas compartilhe suas histórias de infância. Mas fale. Porque quando você fala... O mundo para.
Seus planos e seus beijos. É como se não houvesse nenhum mal exterior que pudesse nos atacar. Existem somente nós três: Eu, você e nossos pensamentos.
Mais tarde podemos ir ao museu ou ver um filme qualquer. Talvez tomar um café ou comer pizza. Mas mais tarde. Não hoje. Porque hoje, agora, neste segundo quero estar perto de ti. Quero estar entre os lençois encardidos que enlaçam nossos corpos nus, quero tocar seus pelos, inalar suas cinzas e emaranhar ainda mais seus cabelos já emaranhados. 


If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight

domingo, 12 de fevereiro de 2012

O complexo de filha única nunca vai sair de mim.

Não sei mais no que ou em quem acreditar. Te dizem que não devemos confiar em ninguém, exceto nossos pais. Errado. Às vezes nem neles podemos. É bom lembrar que os seres humanos são cheios de rancor, mentiras e maus instintos. Assim eles crescem e se reproduzem. Erro imenso. Porque seres menores, mas com os mesmos podres, são concebidos então nesse mundo infernal. 
EU.
A raiz de todos os problemas, discussões e mal entendimento. A alimente! Dê moradia, ensino e roupas! ... Amor? O que é isso? Seria sinônimo de egoísmo? Me questiono se vocês procurariam reparar o dano, se eu ficasse surda. 
Não existe um vilão nessa história. Porque todos nós somos os vilões.




With or without you
With or without you
I can't live
With or without you
And you give yourself away
And you give yourself away
And you give
And you give
And you give yourself away


PS: Eu sei que postar U2 realmente é "uó". Mas não pude evitar, essa música se enquadra perfeitamente no momento...

Com as luzes apagadas REALMENTE é menos perigoso.

Sim, o título do 'blog' nunca foi tão verídico. Nunca pensei que essa página alcançaria tamanha proporções, tão devastadoras. Sempre soube que corria o risco de "lerem a minha mente". Mas acreditava que segundas e terceiras pessoas nunca se interessariam em visitá-lo e ver o que eu tenho a dizer. Fui ridiculamente tola. Portanto, tornei o seu acesso privado, sábia decisão que deveria ter feito desde sua criação. Agora estou mais segura de que sou eu - somente EU - que posso entrar aqui. 
Entretanto, é verdade que não me esforcei o bastante para evitar tal colapso. "Vomitando essas palavras" - palavras do momento, mas reais; acabei machucando uma delas. E sua reação foi totalmente inesperada e, diria até nobre, o que me fez sentir um verdadeiro lixo. Conflitos que jamais passaram pela minha cabeça aconteceram bem diante dos nossos sentidos. 
Eu errei em não ter tido as entranhas em tentar nos corrigir. Fui covarde. Contudo não retiro de modo algum as minhas palavras. Transcrever meus sentimentos era o meu único modo de desabafo e eu explodiria se esta prática me fosse restringida. Eu pensava que pelo menos no meu espaço eu teria o direito de não ser invadida -ao menos que eu permitisse - e dizer, sem escrúpulos, o que sentia na pele.
Novamente, repito que não é sua culpa. Mas também é injusto ser minha, completamente. Agora, em relação ao nosso futuro, não tenho a mínima ideia do que é melhor ou mais coerente. Acabar de uma vez por todas, cortando o mal pela raiz de um jeito ignorante e sem consideração? Ou persistir e deixar as feridas atrás dos sorrisos, com um pé sempre atrás? Simplesmente não sei. Tenho as minhas apostas, mas só o tempo dirá. 
Independente da resposta - sua perda ou nosso sincero perdão- o importante é que sei que isso também deverá passar


Let it go, this too shall pass.
(You know you can't keep lettin' it get you down. 
No, you can't keep lettin' it get you down.)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Vago por essas ruas morimbundas...

Ruas tão familiares e intimidadoras. Crateras no concreto, selva de prédios. Exalam à mijo e corrupção. O sol flameja em minha nuca. O rebanho de ovelhas anda mecanimente e procura não sujar seus ternos baratos ao desviar de um pedinte idoso. Este rasteja seus trapos e amaldiçoa os céus. Há um irreversível desamparo em suas lágrimas. Nas paredes vejo gritos de socorro. Calouros marionetes sorriem ao ascender um cigarro. A cobiça sobrepõe-se ao respeito. Mas a trilha sonora me salva de reações. Sinto estranha empatia pelo cão solitário. Se ao menos o soltassem de sua jaula, ele poderia aprender a latir... O aclive é cheio de brisas, porém não é o caminho mais rápido. Ah, tudo seria melhor se eu ainda pudesse ter o privilégio de escutar, no pico da noite, as melodias serenas do tocador de saxofone.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Faces estampadas em livros de mentiras.

Como se isso já não fosse um fato mais que verídico e óbvio, quero ressaltar com caracteres em "Caps Lock": EU AMO A INTERNET. (Quem não ama, afinal?) Quer dizer, ela me dá espaço para explorar e aprofundar as minhas criatividades. Como ser mais maravilhoso que isso? Fora, é claro, que também me oferece rápido entretenimento e fácil comunicação. 
De qualquer modo, tomei conta da minha dependência quando fiquei com apenas três dias de abstinência, período em que me fez ficar no limite de querer arrancar meus cabelos, tamanha a ansiedade. No entanto, tenho consciência de ser algo em que tenho que me desprender. Para a minha saúde mental e física. Amém.
Enfim, comecei a escrever esse texto não com o intuito de declarar a minha adoração pelo mundo virtual. O que quero mesmo é dizer o quanto uma parte dele me irrita.
Sem mais rodeios, a rede que quero abordar é o Facebook. Porque nada consegue me irritar mais que o Facebook. É estranho. Eu tenho uma relação de amor e ódio - mais puxada para o ódio - com tal website. Melhor dizendo, não com o website. O problema não é ele, e sim as pessoas de lá. Justamente por serem pessoas do dia-a-dia, acho. Todos intitulados ironicamente como "Amigos": Familiares distantes, conhecidos, colegas... (Ah, os colegas. Os piores. São aquelas pessoas que 1. Você não fica face a face faz séculos, mas ainda assim parecem te perseguir como fantasmas com diálogos virtuais diplomáticos ou 2. Você vê todo-santo-dia, mas nunca trocou uma palavra) 
E toda vez que eu entro, é sempre a mesma coisa: Paranoia em colocar modo Offline no chat. Algum pivete aleatório te adicionou. Foto de garota com vestido super justo com legenda implorando por palavras que aumentem seu ego. Notificações para Farmville. Tirinha sobre infância. Frase pronta de algum filósofo tirada do "Pensador". Casal pré-adolescente trocando juras de amor. Jovem querendo fazer pose de revolucionário através de seu iPhone... E etc.
Bocejo. Sim, para variar, é tudo um jogo de imagens. Todos são belos, populares, engraçados e amiguinhos. É incrível. 
Outra coisa que nunca entenderei é como esses indivíduos conseguem se sentir confortáveis em expôr tão abertamente as suas vidas. Eu, pessoalmente, não curto. Me sinto invadida, sei lá. Bem, sei que vindo de alguém que tem meia dúzia de fotos em seu álbum, a opinião não vale muito... Mas compartilhar fotos de sujeitos sem camisa e se vangloriar por ter tendências alcóolatras? Aí já é demais. Me desculpem, mas esse tipo de material vai além da linha do ridículo - Claramente ninguém consegue mais distinguir o público do privado. É aquele velho papo, vocês já sabem....
Sempre que me deparo com algo tão horrivelmente estúpido, acabo soltando a seguinte frase "Nossa, eu não sou obrigada a ver isso..." E o pior é que é verdade. Eu não sou. É uma infeliz opção minha.
Para quem reclama tanto, eu deveria mesmo deletar a minha conta no FB. Mas sou fraca. Gosto de observar as vidas alheias. Me faz perceber o quão patéticas as pessoas podem ser. Ou seja, me faz me sentir um pouco melhor em relação a mim mesma. (Falando em "patético"...)
Sabe, tem coisas que vocês precisam guardar para si mesmos. Sei que vivemos em um país democrático e blá, blá blá; mas pensar duas vezes antes de sair por aí compartilhando o que der na telha não é nenhum sacrifício. 
O mundo agradece. 




Every time you close your eyes: Lies, Lies!
...
People try hide the night
underneath the covers
...
Come on hide your lovers
underneath the covers