segunda-feira, 25 de novembro de 2013

EXcerto.

O último contato foi algo do tipo
Calças de couro
Óculos míopes embaçados
A outra parte intocável revelada
Uma ânsia descontrolável por chocolate

Trinta dias úteis sem ser ver.

No meio termo, algo do tipo
Carro sem suor
Feto com possível nome trocado
Beijos com excesso de conturbações (e língua)

Diante dessas memórias, mesmo tratando-se de mim,
Os detalhes permaneceram 
Tão mínimos
Tão poucos
Pois sua vontade era o que havia de mais inconquistável

As últimas palavras foram algo do tipo
"Morrendo de saudades" - da minha calça de couro?
"Precisamos nos ver" - estava míope.
"Não vai dar" ou
"Deixa pra outro dia" ou
"A gente vai se falando"
Até acabar no derradeiro encerramento moderno -> "(:"

Saindo das metáforas,

1. Não há mágoas
2. Guardo com carinho seus carinhos
3. Boa sorte

Voltando às metáforas,
Como numa despedida nunca dita,
Seu espaço está reservado no fundo de meu peito
Embora saiba que incontáveis anônimos 
Compartilham de sua fragrância
E mascam o mesmo chiclete verde limão

Veja só, não poderei mais vê-lo no fim de semana pois atualmente estou muito ocupada tendo um caso de amor com as minhas botas.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Não existe personificação mais perfeita da alienação e tédio do que os semblantes dos trabalhadores às 6h da manhã em uma segunda-feira.


Em décimos de segundos
Milhares de trilhas e vidas
Se cruzam em um flash
Paralisante, indiferente

E mesmo lado a lado
A distância de espíritos
É quilométrica, nada elétrica
Embora os toques
Tenham sido compartilhados
Na frieza do metal

Não à toa
Em meio a tantos vultos
Tudo o que se enxerga, porém,
É o próprio reflexo
No correr das janelas

Nesse vir e ir incessante
Tudo o que peço é que
Dessa vez
Fique.

(Poema construído após uma reflexão acerca de uma foto de um metrô lotado)