segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Writer's Block é desculpa.

Os números marcados na lateral apontam o decréscimo de textos, ao passo de que instala-se certa culpa e medo de perder a prática das palavras. "Prática" é o que mais se encaixa mesmo, não acredito muito nesse papo de dom. Tenho receio de que aquela sensação -sensação a qual um dia significou tudo para mim- de ter as palavras nas mãos e ter a familiaridade de conseguir manipulá-las sabiamente me deixe com o passar do tempo. Ou melhor, que eu a deixe.
Eu ainda amo escrever, ainda me é libertador e considero um dos meios expressivos mais tocantes. Porém, eu vejo hoje que não tenho mais aquela necessidade de consumir tal ato com tanta constância, se comparado ao que se passava anos atrás. 
Ao mesmo tempo que isso é triste, ainda  não me deixa totalmente pesarosa porque entendo que o motivo principal disso foi o afloramento de outras paixões, ao exemplo das artes. Vejo como se a minha criatividade e o meu modo de observar e me colocar no mundo fosse dividido entre outros meios. 
Mesmo levando tudo isso em consideração, não posso evitar de sentir remorso. Como se tivesse traindo esse meu lado o qual sempre tomou maior espaço em minha vida. 
Cai, por fim, a  consciência de não parecer haver tanto o que explorar nesse terreno do que nas novas áreas.  Já falei de amores, primeiras experiências, decepções, família, melancolia e assim vai... 
Acho que somente escrever já não me é suficiente. Preciso alçar outros artifícios, investigar além disso. No entanto, por mais que essa minha face diminua, espero que nunca desapareça por completo. 
As aspas no pulso direito, afinal, mostram a vontade de permanecer como pulso vital. 

5 comentários:

  1. Escrever é tão viciante, que me atrevo a responder, como se fosse dono de suas palavras. Ou sócio.
    As aspas existem. Assim como as reticências. E o temido ponto final. Inescrupuloso e incerto.
    Mas te prefiro entre as aspas, inconsequente em suas verdades. Adorável sedutora.
    Normal você é! Não podia não ser. As paixões mudam, a gente muda. Os quereres florescem em horas de certeza perpétua. Não se pode fugir de novidades. Elas aprisionam, tanto a mente quanto as companhias.
    Mas e as palavras? De tudo o que se lê, leva-se o quê?
    Penso que a briga fica feia, muito feia, quando não reciclamos a leitura.
    De ler e não repensar, o Seol está cheio...
    O inferno é não ter o que escrever, não é? Olhar em volta e tudo parecer desfocado.
    As voltas no relógio cobrando atitudes. Os corações cobrando presença.
    E daí, Bárbara?
    O caminho onde você está é perigoso. Tem curvas perigosas. Poucas paisagens. Mas um destino certo: A liberdade.
    Mas é o SEU caminho!
    Então escreva quando puder. Escreva sobre nada. Mas escreva. Só isso já nos basta.
    A prisão e a sentença estão na mente inquieta. E esse é o seu crime hediondo.

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    1. Campanha: Julio Cesar, escreve um livro! haha

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    2. Escrevo, se você for a co-autora. haha
      Falando sério, desculpe se dou a impressão de querer aparecer demais em cima de seus textos, não quero!
      São as suas inquietudes que me movem! Por isso, Obrigado Bárbara!

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  2. Oi Bárbara, mesmo antes de saber do seu "blog", eu mesma criei um para escrever alguns de meus devaneios. Tenho, ou melhor, costumava ter aquela necessidade de escrever em qualquer mísero pedaço de papel desde os meus 12 anos e, de uma hora para a outra, essa necessidade cessou quase que por completo. Minha habilidade com as palavras não chega nem perto da sua, mas como escrevo mais para mim mesma do que para um público leitor, me contento com o que tenho.
    A verdade é que às vezes sinto aquele medo de nunca mais escrever como antes e de nunca mais me questionar da mesma forma, simplesmente me conformar com as coisas...
    Enfim, seu texto disse tudo o que passei a sentir nos últimos meses, e é por isso que eu gosto tanto de ler, porque alguém sempre vai me entender mais do que eu mesma sou capaz de fazer!

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